domingo, outubro 15, 2006

Nada elementar, meu caro... {parte 2}

Truuiiimm.... truuuuiiimm....
Waterson põem-se alerta no mesmo instante em que seu telefone solta o primeiro toque engasgado. Já ansioso com o próximo caso que poderia estar a sua espera, retira do gancho o fone:

- Waterson, detetive particular. Em que posso lhe ser útil?
- Sir Waterson?! Bom dia! Aqui é Anna, do Departamento de Inteligência Investigativa. Tudo bem?
- Alô! Bom dia, minha cara Anna. Muito bem, só um pouco entediado para um detetive.
- O crime está te concedendo uma folga, pelo visto.
- Sim, sim. Mas preferiria que alguém decidisse desaparecer ou cometer algum crime quase perfeito.
- Quase perfeito?
- Claro. Afinal, nenhum crime perfeito deixa suspeitos, não é mesmo?
- Pelo visto a srta. Anderson tem lhe afetado com seu vício por “engenharia hawaiiana”...
- Srta. Anderson..?! Hmmm... Err... Bem...
- Oh, me desculpe Sir. Waterson. Foi mesmo um comentário infeliz de minha parte.
- Não se preocupe. Pelo jeito não consigo mais esconder minha admiração pelos olhos cor de mel da Srta. Anderson. Mas, me diga minha cara, qual o quebra-cabeça de hoje?
- Estamos com um novo caso, porém não posso lhe conceder muitas informações por aqui. Seria possível vir até o Departamento?
- Certamente. Podes adiantar alguma coisa?
- O que posso lhe garantir Sir Waterson, é que não terás mais motivos para permanecer entediado...
- Vejo que está na hora de juntar algumas pecinhas. Logo mais estarei no Departamento, minha cara. Hasta luego!

Enrolando as pontinhas de seu charmoso bigode, Waterson confere no bolso do sobretudo a existência de sua lupa e do caderno de anotações. Sherlock o acompanha preguiçosamente, chamando-o com um melódico miado.
- Nada elementar, meu caro Sherlock. Nada elementar...

Antes mesmo do próximo miado, Waterson já descia para a garagem...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Nada elementar, meu caro... {parte 1}

No centro daquela agitada cidade, em uma das esquinas menos movimentadas, mas nem por isso menos conhecida, um prédio verde amarelado. Ou seria amarelo esverdeado? Bem, era difícil dizer ao certo a cor, mas isso realmente não tem muita importância. Segundo andar, ao lado de um escritório de contabilidade de aparência bastante suspeita {isso pelo fato de que os clientes sempre entravam lá com grandes maletas pretas e, geralmente, saíam com elas}, estava o escritório de Sir Waterson, detetive particular.
Com seus trinta e tantos anos, aparência impecável e sorriso desconcertante. É, sim, tamanho deslumbramento causava, que muitos corações já haviam perdido o compasso por ele. Tudo bem que isso fora nos anos 60 mas continua o mesmo. Intacto.

Sherlock, que não era cão, mas sim um gato de sardas - sabe-se que o correto seria malhado porém explica-se a seguir-, era o fiel companheiro de Waterson. É preciso admitir que detetives costumam ter cães farejadores mas Sherlock era, sim, um exímio farejador. Farejador de pizzas de calabresa, o que fazia dele um gato nada malhado.

Apoiado no parapeito da janela, Waterson acompanha a movimentação dos pedestres e veículos. Estava, como de costume, desde muito cedo no escritório e até aquele momento nenhuma movimentação estranha, nem mesmo no escritório de contabilidade. Sherlock dorme na poltrona enquanto um bocejo preguiçoso escapa da boca do detetive. Em meio ao bocejo, o telefone desperta... digo, toca...




*Começam aqui as aventuranças de Sir Waterson, detetive particular... Convenhamos, ele ainda não andou nem meio metro mas, aguardem... ;]